"Thumbelina" de Hans Christian Andersen
Por Roger Ebert, 30 de março de 1994
Roger Ebert foi crítico de cinema do Chicago Sun-Times de 1967 até sua morte em 2013. Em 1975, ele ganhou o Prêmio Pulitzer por sua crítica ilustre.
Tenho tentado me lembrar de quando comecei a me interessar com assuntos como amor e casamento. Eu tinha 12 ou 13 anos, imagino - mais velho do que o público-alvo de "Thumbelina", um desenho animado classificado para crianças bem menores.
A história envolve uma garota do tamanho de um polegar, que conhece um Príncipe Encantado também pequeno, e então é separada dele e jogada com um elenco de personagens que tentam casá-la com um sapo, um besouro e uma toupeira.
O conto é adaptado com grande liberdade de uma fábula de Hans Christian Andersen e foi escrito e dirigido por Don Bluth. Ele é um dos poucos animadores da Disney que saiu e foi fazer seus filmes próprios; trabalhou para a Disney de 1972 a 1979 ("Bernardo e Bianca" é uma produção praticamente toda sua) antes de se separar para formar seu próprio grupo.
Seus créditos desde então incluem "Em Busca do Vale Encantado", "Fievel, Um Conto Americano", "Todos os Cães Merecem o Céu", entre outros. Gostei das cores exuberantes de "Cães" e da paisagem criativa de "Vale Encantado", que era sobre dinossauros órfãos, mas em geral a animação de Bluth é melhor do que seu senso de história, e esse é o caso de "A Polegarzinha".
Aqui está uma personagem feminina monótona, inocente e infeliz. Ela precisa de mais da atitude da Ariel, de "A Pequena Sereia". Polegarzinha nasceu do botão de uma flor (no desenho claramente inspirada na obra de Georgia O'Keeffe e eu gostei desse toque), então ela passa seus primeiros anos na solidão, porque não conhece mais ninguém do tamanho de um polegar.
Assim que ela conhece o Príncipe Encantado, é raptada pela maldosa Sra. Sapo, que a queria como uma esposa em potencial para o seu filho. Isso desencadeia uma série de aventuras divertidas, incluindo as tentativas de uma ratinha (com a voz de Carol Channing) para fazer Polegarzinha se casar com uma toupeira rica (John Hurt).
Eu não consegui me importar com as perspectivas matrimoniais de Polegarzinha, tampouco fiquei muito animado com a eventual chegada do Príncipe Encantado, que não apareceu a tempo de impedir a entoação de várias canções românticas de Barry Manilow. A heroína passiva do filme leva a um nível de energia geralmente baixo, e os personagens secundários chegam à tela como velhos vilões, cantando e dançando e abrindo caminho para o próximo ato.
Bluth originalmente deixou a Disney porque achou que os esforços de animação do estúdio estavam morrendo. A ironia é que seus próprios filmes agora se parecem mais com a Disney dos anos 1970 do que os do estúdio atual. Com "A Pequena Sereia", "A Bela e a Fera" e "Aladdin", a Disney não apenas alcançou um novo nível criativo, mas está obviamente visando um verdadeiro público geral; as histórias, as músicas e a ação com os novos recursos da Disney divertem os adultos, não apenas as crianças. Coisa que não acontece em "A Polegarzinha", pois é difícil imaginar que alguém com mais de 12 anos encontre muito o que curtir em "Thumbelina".
Roger Ebert